Malformações congênitas das vias aéreas pulmonares: experiência de um centro de referência tunisiano durante um período de cinco anos

AUTORES:  Hajer Chourou; Rim Ben Aziza; Manel Bourcheda; Yosra Sdiri; Houyem Khiari; Samia Kacem; Said Jlidi

FONTE: Pediatric Pulmonology 2025; 60:e71188 https://doi.org/10.1002/ppul.71188

INTRODUÇÃO: Malformações congênitas das vias aéreas pulmonares (CPAM) são anomalias raras do desenvolvimento pulmonar. O manejo ideal de neonatos assintomáticos permanece um tema de debate. Este estudo apresenta a experiência no diagnóstico e tratamento pré e pós-natal de CPAM.

MÉTODOS: Realizamos um estudo descritivo retrospectivo de 5 anos (2019-2024) na Unidade de Neonatologia e Terapia Intensiva do Centro de Maternidade e Neonatologia de Túnis. Todos os neonatos com diagnóstico de CPAM foram incluídos.

RESULTADOS: Treze neonatos com CPAM foram tratados. A idade materna média foi de 31,4 anos. O diagnóstico pré-natal foi feito em 77% (10/13) dos casos. Polidrâmnio foi observado em dois casos, um com hidropisia fetal e o outro com dextrocardia. Nenhuma intervenção pré-natal foi realizada. Cesariana foi realizada em 10 casos, incluindo quatro por indicações fetais. Três neonatos desenvolveram desconforto respiratório grave, necessitando de ventilação mecânica; dois morreram antes da intervenção cirúrgica e um foi submetido a lobectomia aos 9 meses por toracotomia, com recuperação sem intercorrências. O exame histopatológico confirmou CPAM tipo II. Os 10 pacientes restantes foram tratados conservadoramente, com resultados favoráveis durante um acompanhamento médio de 4 anos.

CONCLUSÕES: O tratamento da CPAM requer uma equipe multidisciplinar e inicia-se no período pré-natal. Mesmo pacientes assintomáticos requerem monitoramento rigoroso e prolongado, pois complicações podem surgir posteriormente. A intervenção cirúrgica deve ser considerada caso a caso.

COMENTÁRIO: Quando se leva em conta que CPAM são más formações raras, 13 casos em período de 5 anos não é pouca coisa. Esta revisão reforça uma tendência atual de que o tratamento conservador, sem cirurgia, é seguro e deve ser sempre considerado. Serviços onde com uma equipe de cirurgia pediátrica experiente, tendem muito mais pela opção cirúrgica do que a conservadora.

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