AUTORES: Mordechai Pollak, Moria Shapira, Dvir Gatt, Inbal Golan-Tripto, Aviv Goldbart and Guy Hazan.
FONTE: Ann Am Thorac Soc Vol 22, No 6, pp 881–886, Jun 2025
DOI: 10.1513/AnnalsATS.202408-873OC
JUSTIFICATIVA: A taquipneia transitória do recém-nascido (TTRN) é caracterizada por desconforto respiratório em neonatos, resultante da depuração tardia do fluido pulmonar fetal. Embora tradicionalmente considerada uma condição autolimitada, estudos recentes indicaram uma possível associação entre TTRN e um risco aumentado de infecções respiratórias durante a infância.
OBJETIVOS: Este estudo investiga a possível relação entre TTRN e a utilização de serviços de saúde para asma na infância.
MÉTODOS: Este estudo retrospectivo de caso-controle utilizou registros eletrônicos nacionais do Clalit Healthcare Services, em Israel. O estudo incluiu bebês nascidos a termo entre 2011 e 2018 que foram diagnosticados com TTRN (TTRN1) e um grupo controle sem TTRN (TTRN2). Os desfechos primários analisados foram a utilização de serviços de saúde relacionados à asma até os 6 anos de idade. O pareamento por escore de propensão foi utilizado para ajustar potenciais fatores de confusão.
RESULTADOS: O estudo incluiu 645 crianças com TTRN e 187.809 no grupo TTRN2. Na análise pré-comparação, o grupo TTRN1 apresentou maior incidência de parto cesáreo e sexo masculino. As diferenças demográficas e clínicas pós-comparação foram equilibradas. As crianças no grupo TTRN1 apresentaram taxas significativamente maiores de visitas ao pronto-socorro por asma (2,05 vezes maior; valor p= 0,001; intervalo de confiança [IC] de 95% 1,46-2,89), diagnósticos de asma (aumento de 38%; p=0,001) e prescrições de β-agonistas de curta ação (aumento de 28%; p = 0,002) do que os indivíduos controle. Essas associações permaneceram significativas após o ajuste para fatores de confusão.
CONCLUSÕES: Os achados sugerem que a TTRN pode estar associada a um maior risco de desenvolver asma na infância. Este estudo pode ampliar nossa compreensão das potenciais implicações respiratórias a longo prazo da TTRN e pode subsidiar estratégias de acompanhamento clínico para bebês afetados.
COMENTÁRIO: Países que tem um banco de dados detalhado de sua população, como ocorre na Finlândia, sempre apresentam estudos epidemiológicos robustos. Este estudo de Israel não é diferente. Com um número muito grande de pacientes analisados verificou-se uma maior incidência de “asma” aos 6 anos de vida em crianças com diagnóstico de TTRN ao nascer. Mais um indicativo de que o DPOC do adulto tem origem na primeira infância e, porque não, nos primeiros dias de vida. A única ressalva que faço é se firmar o diagnóstico de asma nos primeiros anos de vida. Sabemos que 70%, ou mais, dos lactentes sibilantes param de chiar entre 4 e 6 anos de idade e muitos acreditam, inclusive eu, que não se trata de asma clássica e sim uma questão de desenvolvimento e amadurecimento pulmonar. Seria interessante estender este estudo até os 10 anos de idade para verificar se a diferença observada se mantém. WRF
Palavras-chave: asma; taquipneia transitória do recém-nascido
Elaborado pela Dra. Sarah Calil

