Recomendações para alimentar bebês precocemente e com frequência com os principais alimentos causadores de alergia ajudaram 60.000 crianças a evitar alergia alimentar

Fonte: PEDIATRICS Volume 156, Issue 5, November 2025:e2024070516

http://publications.aap.org/pediatrics/article-pdf/doi/10.1542/peds.2024-070516/1863999/pediatrics.2024070516.pdf

Uma década após um estudo histórico comprovar que alimentar bebês com produtos à base de amendoim pode prevenir o desenvolvimento de alergias fatais, uma nova pesquisa constata que a mudança fez uma grande diferença no mundo real.

As alergias a amendoim começaram a diminuir nos EUA depois que uma recomendação  emitida em 2015 revolucionou a prática médica ao recomendar a introdução de alimentos em bebês a partir dos 4 meses de idade. A taxa de alergia a amendoim em crianças de 0 a 3 anos caiu mais de 27% após a publicação da orientação para crianças de alto risco em 2015, e mais de 40% após a expansão das recomendações em 2017.

Dr. David Hill, alergista e pesquisador do Hospital Infantil da Filadélfia e autor de um estudo publicado este mês na revista médica Pediatrics, analisaram registros eletrônicos de saúde de dezenas de clínicas pediátricas para rastrear diagnósticos de alergias alimentares em crianças pequenas antes, durante e depois da publicação das diretrizes.

O estudo concluiu que há menos crianças com alergia alimentar do que haveria se não tivéssemos implementado esse esforço de saúde pública. Cerca de 60.000 crianças evitaram alergias alimentares desde 2015, incluindo 40.000 crianças que, de outra forma, teriam desenvolvido alergia a amendoim.

A alergia alimentar é causada quando o sistema imunológico do corpo identifica erroneamente as proteínas do alimento como prejudiciais e libera substâncias químicas que desencadeiam sintomas alérgicos, incluindo urticária, sintomas respiratórios e, às vezes, anafilaxia com risco de vida.

Durante décadas, os médicos recomendaram adiar a alimentação das crianças com amendoim e outros alimentos que poderiam desencadear alergias até os 3 anos de idade. Mas, em 2015, Gideon Lack, do King’s College London, publicou estudo inovador que revolucionou a alergia alimentar.

Lack e colegas demonstraram que a introdução de produtos à base de amendoim na infância reduziu o risco futuro de desenvolver alergias alimentares em mais de 80%. Análises posteriores mostraram que a proteção persistiu em cerca de 70% das crianças até a adolescência.

O estudo imediatamente gerou novas diretrizes incentivando a introdução precoce do amendoim e outros  — mas a implementação dessas diretrizes tem sido lenta. Pesquisas revelaram que apenas cerca de 29% dos pediatras e 65% dos alergistas relataram seguir as diretrizes expandidas emitidas em 2017.

Confusão e incerteza sobre a melhor maneira de introduzir alimentos no início da vida levaram a esse atraso, de acordo com um comentário que acompanhou o estudo. Posteriormente se verificou que não só crianças de risco, mas toda a população pediátrica poderia beneficiar-se da introdução precoce de alimentos

A nova pesquisa oferece “evidências promissoras de que a introdução precoce de alérgenos não só está sendo adotada, como pode estar causando um impacto mensurável.

Defensores dos 33 milhões de pessoas com alergias alimentares nos EUA acolheram com satisfação os sinais de que a introdução precoce de alimentos está se popularizando. Esta pesquisa reforça o que já sabemos e destaca uma oportunidade significativa para reduzir a incidência e a prevalência da alergia não só nos Estados Unidos, mas em todo o mundo.

O novo estudo enfatiza a orientação atual, atualizada em 2021, que recomenda a introdução de amendoim e outros alérgenos alimentares importantes como leite e ovo entre quatro e seis meses, sem triagem ou teste prévio.

Não precisa ser muita comida, mas pequenas quantidades pasta de amendoim, iogurte à base de leite, e pequenas quantidades ovo, oferecidos pelo menos 3 vezes por semana. A introdução precoce e frequentes destes alimentos permitem que o sistema imunológico se exponha a esses alimentos alergênicos de forma segura. Peça ao seu pediatra, ou consulte com um alergista pediátrico atualizado em alergia alimentar para orientações detalhadas.

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